domingo, 1 de abril de 2012

Superação...Filosofia Socrática.

Filosofia: Sócrates e a autoconfiança
Em qualquer sociedade, todos os seus membros têm noções sobre em que devem acreditar e como devem se comportar a fim de evitar desconfiança e impopularidade.
Algumas dessas convenções sociais estão formuladas de maneira explícita nas leis, outras estão inscritas de um modo mais intuitivo em um vasto conjunto de critérios éticos práticos, descritos como “senso comum”
Que dita o que devemos vestir, que importância deve ser atribuída ao dinheiro, quem devemos estimar, que regras de etiqueta devemos seguir e como nos conduzir em nossas vidas particulares.
Começar a questionar estas convenções poderia parecer bizarro ou, até mesmo, ofensivo, é porque seus critérios são considerados claramente sensatos para que sejam alvo de um exame mais minucioso.
Raramente seria aceitável, por exemplo, levantar dúvidas durante uma conversa sobre o que a sociedade considera ser o propósito do trabalho.
Ou pedir a recém-casados que expliquem em detalhes os motivos que os levaram a contrair matrimônio.
Ou interpelar veranistas sobre os pressupostos em que se baseou a escolha de seu roteiro de viagem.
Os gregos também tinham alguns os seus costumes, por exemplo:
As mulheres viviam sob o domínio do marido ou do pai. Não lhes era permitido tomar partido na política ou na vida pública, não podiam possuir dinheiro e não herdavam nenhuma propriedade. Costumavam contrair núpcias aos 13 anos de idade. A escolha do marido, feita pelo pai, não levava em consideração afinidades sentimentais.
Os contemporâneos de Sócrates nada viam de extraordinário em qualquer destes costumes. Questionamentos deste tipo eram considerados tão estúpidos quanto perguntar por que a primavera se seguia ao inverno ou por que o gelo é frio.
Mas não é apenas a hostilidade alheia que pode nos impedir de questionar o status quo. Nosso desejo de levantar dúvidas pode ser salpicado por uma sensação íntima de que as convenções sociais devem ter bases sólidas.
Reprimimos nossas dúvidas e nos incorporamos ao rebanho porque não conseguimos nos imaginar pioneiros na tarefa de desvendar as verdades até agora desconhecidas e dolorosas.
Recorremos então, ao filósofo, na esperança para superar nossa humildade.
Sócrates
Sócrates nos encoraja a não nos deixar abater pelo ar confiante das pessoas que não respeitam tal complexidade e formulam seus pontos de vista sem dedicar-lhes, ao menos, em pensar criticamente.
Aquilo que é rotulado de óbvio e “natural” raramente o é. O reconhecimento deste fato deveria nos ensinar a achar que o mundo é mais flexível do que parece, pois as opiniões consagradas freqüentemente não surgem de um processo de raciocínio irrepreensível e sim de séculos.
O filósofo não apenas nos ajuda a compreender que os outros podem estar errados como também nos oferece um método simples através do qual podemos, por nós mesmos, determinar o que é certo.
O método socrático de raciocínio.
  1. Selecione uma afirmativa que todos, sem pestanejar, consideram incontestável.
Ser virtuoso requer dinheiro.
  1. Imagine por alguns instantes que, apesar da confiança demonstrada pela pessoa que a propôs, a afirmativa seja falsa. Saia em busca de situações ou contextos em que a afirmativa não seria verdadeira.
Poder-se-ia ter dinheiro e não ser virtuoso?
Poder-se-ia não ter dinheiro e ser virtuoso?
  1. Se uma exceção for encontrada, a definição deve ser falsa ou, pelo menos, imprecisa.
É possível ter dinheiro e ser um vigarista.
É possível ser pobre e virtuoso.
  1. A afirmativa inicial deve ser submetida a nuanças para que a exceção seja levada em conta.
As pessoas que têm dinheiro podem ser descritas como virtuosas somente se o tiverem adquirido de uma maneira virtuosa, e algumas pessoas sem dinheiro podem ser virtuosas quando tiverem atravessado situações em que era impossível ser virtuoso e ganhar dinheiro.
  1. Se, em análises subseqüentes, encontrarem-se exceções para as afirmativas que foram aperfeiçoadas, o processo deve ser repetido.
A filosofia é o movimento pelo qual nos libertamos - com esforços, hesitações, sonhos e ilusões - daquilo que passa por verdadeiro, a fim de buscar outras regras do jogo. A filosofia é o deslocamento e a transformação das molduras de pensamento...
O que aconteceu com Sócrates? Foi condenado à morte aos 70 anos.
O filósofo nos ofereceu uma solução para duas poderosas ilusões: devemos sempre, ou não devemos nunca, dar ouvidos aos ditames da opinião pública.
Para seguir seu exemplo, seremos mais bem recompensados se nos esforçarmos para ouvir sempre os ditames da razão.

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